segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Zero

Tenho saudade de você meu velho. Saudade de suas histórias fantásticas, onde naves cruzavam a galáxia em busca da sobrevivência da humanidade. Saudade de seus grandes homens, sábios e inteligentes. Homens justos e fortes.

Saudade dela, da sua Susan Calvin. A robô-psicóloga mais chata e carismática de toda a galáxia. A única que compreendia mais de robôs do que da própria humanidade. A que amava mais seus robôs que essa cruel humanidade.

Tenho saudade de seus lindos seres tecnológicos. Suas criaturas multifuncionais de formas variadas e personalidades distintas. Os seres mais belos e justos que o universo teve a honra de ter sobre seu espaço. Seres de amor, de justiça e capazes de tudo pra salvar seus criadores, aquela mesma raça cruel que os destrói quando perdem sua utilidade (aquela mesma raça cruel que se destrói, muitas vezes sem motivos).

Orgulho das suas Leis e de como aprendi com elas.

Como aprendi com o significado intrínseco de todas elas. Aprendi que nenhuma delas funciona sozinha e que seus valores são eternos. Mas, sobre tudo, o valor avassalador da Lei ZERO. A Lei que divide os mundos e transforma monstros em salvadores...

...e vice-versa.

É difícil saber quando começa o julgamento correto da Lei ZERO, difícil não vê-la como um sentimento frio. Como entender uma Lei tão simples e ao mesmo tempo tão dura. Não é nada fácil.

A Lei ZERO destrói tudo que você gosta, acaba com tudo que você construiu, com todos ao seu redor. Tudo isso com a única finalidade do bem maior. Como?

Impossível.

O julgamento da Lei ZERO sempre será cruel. Suas consequências nunca serão felizes e ninguém sairá satisfeito.

Mas é assim que ela funciona.

Sim meu velho, obrigado. Me desculpe por estar distante de tudo que você me ensinou, seu mundo fantástico e seus filhos tecnológicos, mas sua própria Lei ZERO anda me impedindo de tudo isso. Eu sabia de tudo e estava a par das consequências inevitáveis. Você me ensinou como lidar com as coisas de uma maneira que eu nunca tinha pensado, dentro desse meu mundo de sentimentos e explosões.

Me ensinou a pensar.

Agradeço o carinho dos seus livros para conosco, seu desejo de nos transformar em bons amigos e a capacidade de fazer isso em uma única página. Infelizmente você não está mais aqui, desde muito antes da minha primeira leitura dos lindos 7 livros que tive o prazer e o amor de ler. Aprendi muito com você meu velho Asimov, com Susan, Hari Seldom e todos os outros.

- Never let your sense of morals prevent you from doing what is right.

Adeus.




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