quinta-feira, 4 de março de 2010

Idealizando idiotas

Não é a primeira e sei que não vai ser a última vez que me pego fazendo isso.

Você vê aquele carinha gracinha, fica super afim dele e você passa a ter um objetivo imediato na vida. Quando você descobre que terá sucesso porque o desejo é recíproco, fica toda empolgada e começa a merda.

Não sei se sou a única que dá de louca e faz isso, mas acredito que não. Assim como quando você sai às compras, você passa um bom tempo olhando o seu objeto de desejo na vitrine e quando o experimenta olha de todos os ângulos possíveis para ver se a roupa ficará bem em você. E foi assim que eu fiz com o ser em questão.

O que acontece? Temos essa querida companheira chamada Internet, a câmera digital (esqueçamos já a era das analógicas, o scanner e a baixa definição) e o narcisismo próprio de cada um dessa sociedade que gosta de expor sua imagem. Então o que não falta, tratando-se de pessoas que fazem parte desse mundo digital, são fotos suas na internet. E o que eu faço? Vamos lá a procura pra olhar mais a gracinha que você está prestes a adquirir e descobrir se vai cair bem com você.

Orkut, Facebook, Blog, Fotolog, Flickr...o que não falta é locais para se encontrar imagens do ser em questão. E, como o mais recente caso, quando a pessoa ainda é mais conhecidinha na noite e no cenário que ele frequenta, vem também o Google Imagens, com mais e mais fotos. E fico lá, perdendo horas do meu precioso tempo, suspirando e vendo como ele é fotogênico, como ele se veste bem, como os amigos dele também são bonitos ou quase (vamos e convenhamos, amigos zuados queimam o filme!), etc, etc. E quando me pego pensando como sou uma pessoa sortuda de ter também sido alvo do desejo daquele ser, ficando orgulhosa de mim mesma por isso, tá feita a merda: idealizei-o.

Tá, admirar alguém não é problema algum. A questão é que geralmente faço isso com caras que parecem ser uns idiotas. As vezes eles me provam o contrário, as vezes não. Quando começo a ler as coisas que escrevem nas páginas internet à fora, muitas vezes encontro comentários toscos que me fazem sair da esfera da estética e adentrar na personalidade dele e boa parte das vezes o resultado parcial é decepção ;(.

Descubro então que o cara não vale nada. Isso já é um fato. E ao levar em conta essas e outras diversas circunstâncias estruturais e conjunturais, eu sei que nosso lance não terá sucesso. Não entrarei em detalhes do porque. Vai ser algo momentâneo, mas vai ser algo que eu to esperando desde aquele momento que eu o idealizei. Eu já estou com um julgamento pré-concebido, e provavelmente orientarei minhas ações por esses pré-julgamentos. Se é o que eu quero e se sei que não vai dar em nada, não vou perder tempo fazendo joguinho (não que eu saiba faze-los, mas isso é assunto pra outro post) pra tentar ter alguém que não me parece lá valer muito a pena.

Mas há uma outra questão. Eu sou uma pessoa muito feliz por saber que os bonitos não são sempre burros e idiotas e que os inteligentes e cultos não são sempre feios. Eu mesma me considero um exemplo como as características mais positivas acima citadas podem combinar-se de maneira satisfatória. E por preza-las, acabo por decepcionar quando um dos meus quesitos não é preenchido. Tá, uma gracinha eu sei que ele já é, mas, e o restante? A grande maioria das vezes encontro algo que pra mim também tem grande valor: bom humor. Isso compensa de certa forma, sim. É fundamental pra mim que a pessoa seja divertida e me faça rir. Mas ao descobrir cada vez um pouquinho mais sobre ele, muitas vezes acabo percebendo que, além de não valer nada, que o cara é quase um idiota. E ai, comofas? Ignoro esse fato e prendo-me unicamente ao nível carnal do negócio?

Talvez a resposta esteja por aí. Talvez nos vejamos de vez em quando, satisfaçamos a nossa vontade e, além de idealizar idiotas, me junto a colega do blog “Eu dou para idiotas”. Acontece. Mas talvez eu esteja me precipitando muito. Julgamentos baseados só no que se encontra publicado na internet são extremamente parciais. Eu mesmo, tenho certeza absoluta disso, sou uma pessoa muito fútil e pouco profunda em rede, prefiro ficar escrevendo sobre meus relacionamentos bizarros, que podem ser considerados assuntos banais, ao invés de compartilhar o conteúdo intelectual que adquiro nas muitas horas do meu dia que passo na sala de aula ou na biblioteca estudando, o que ninguém na internet vê. Então, por que não dar esta chance a ele, né? As vezes dou a sorte dele ser, além de lindo, interessante (vou ignorar o fato que ele não vale nada, o que me interessa aqui são as características excitantes do negócio). E se vai ser bom? Bem, direi isso mais tarde. ; )

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